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Diabetes mellitus e pré-diabetes.

Interação medicamentosa de chá de hibisco com varfarina

Uma leitora me perguntou:

Será que eu posso toma chá de hibisco, pois tomo marevan 5mg?

Marevan é uma marca de varfarina, um anticoagulante notório por suas interações medicamentosas. Além de ser um dos medicamentos com mais interações medicamentosas, a varfarina é um dos medicamentos cuja segurança e eficácia são mais afetados por essas interações. E mais, essas interações medicamentosas envolvem não apenas outros medicamentos, mas também alimentos e bebidas.

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As 10 piores doenças no Brasil

Estou listando os grupos de doenças (e outros danos à saúde) pelo mesmo critério de meu artigo sobre os 10 principais fatores de risco para a saúde no Brasil. Ou seja, estou levando em consideração o número de pessoas afetadas, o grau de incapacidade das pessoas vivas, e a precocidade das mortes.

  1. As doenças cardíacas e circulatórias como o infarto e o derrame (AVC) somam 15% da carga de doença. A boa notícia é que essa carga de doença diminuiu em 33% desde 1990! (Leia também: “A saúde do brasileiro está melhorando ano após ano”, e “Saúde da Família previne mortes por infarto e derrame“.)
  2. Os transtornes mentais e do comportamento, como depressão, ansiedade e abuso do álcool, somam 12% da carga de doença. (Leia também: “Como saber se você está com depressão”, e “Você sabe beber com moderação?”)
  3. Os transtornos músculo-esqueléticos, principalmente dor inespecífica nas costas e no pescoço, somam 9% da carga de doença.
  4. Os cânceres somam 8% da carga de doença. Esse percentual é distribuído entre vários tipos de câncer; os principais são os cânceres de pulmão, os cânceres de intestino grosso, e os cânceres de mama. (Leia também: “Mamografia aos 40 anos é controversa”, “Mamografia pode ser feita a cada 2 anos”, “Quando parar de fazer mamografia”, e “Autoexame das mamas faz mal à saúde”.)
  5. Os danos intencionais, devidos principalmente a agressão entre pessoas, somaram 7% da carga de doença. Essa carga de doença aumentou em 13% de 1990 a 2000, mas diminuiu em 7% de 2000 a 2010.
  6. O grupo formado por diabetes e outras doenças endócrinas, além de doenças do aparelho urinário e genital e doenças do sangue (como doença falciforme) somaram 7% da carga de doença. A carga de doença devida exclusivamente pelo diabetes foi de 3%, e essa carga aumentou em 13% entre 1990 e 2010. (Leia também: “Como prevenir o diabetes mellitus.”)
  7. Os transtornos neonatais, como as complicações do parto prematuro, têm origem quando a pessoa ainda é recém-nascida, somam 6% da carga de doença. Essa carga de doença diminuiu em 44% desde 1990.
  8. As doenças respiratórias crônicas, como a doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema e bronquite crônica) e a asma, somam 5% da carga de doença. Essa carga de doença diminuiu em 31% desde 1990. (Leia também: “As doenças causadas pelo tabagismo passivo”, “Como parar de fumar” e “Como usar adesivos de nicotina para parar de fumar.”)
  9. A diarreia, as infecções respiratórias baixas (como pneumonia), a meningite e outras infecções ainda são responsáveis por 5% da carga de doença. Por outro lado, este grupo viu as maiores reduções em carga de doença desde 1990: 82% para diarreia, 59% para pneumonia, e 62% para meningite. Em 1990, este grupo tinha a segunda maior carga de doença, atrás apenas das doenças cardiovasculares. (Leia também: “Saúde da Família diminui mortalidade infantil.”)
  10. Os danos relacionados ao transporte, como os acidentes de trânsito, são responsáveis por 4% da carga de doença. (Leia também: “Por que usar cinto de segurança no banco de trás?”.)

Quando analisamos apenas os anos vividos com incapacidade, os transtornos mentais e do comportamento assumem o primeiro lugar da lista, com 28% da carga de doença, seguidos pelos transtornos músculo-esqueléticos (22%) e as doenças respiratórias crônicas (7,2%). Por outro lado, quando analisamos apenas os anos de vida perdidos (por morte precoce), as doenças cardíacas e circulatórias voltam a ocupar o primeiro lugar da lista (24% da carga de doença), seguidas pelos cânceres (14%) e os danos intencionais (12%).

Essas médias escondem diferenças importantes entre homens e mulheres. O sexo masculino tem praticamente o dobro de anos de vida perdidos, em comparação ao “sexo frágil”! A diferença não está apenas nas chamadas causas externas, como os danos intencionais (741% a mais) ou os danos relacionados ao trânsito (376% a mais). Os homens também têm mais anos de vida perdidos por problemas como as doenças cardíacas e circulatórias (38% a mais), os cânceres (18,4% a mais) e até mesmo os transtornos do período neonatal (45% a mais).

Felizmente, a tendência é favorável tanto para homens quanto para mulheres. Descontando-se os efeitos do envelhecimento da população, quase todos os principais problemas de saúde do Brasil ou estão estáveis, ou estão diminuindo de forma importante. Isso é o resultado de uma série de fatores, desde melhorias no acesso aos alimentos e à água tratada até o desenvolvimento de novas formas de tratamento e a melhoria no acesso a serviços de saúde.

Ainda temos muito o que melhorar, mas é bom sabe que estamos no rumo certo!

Os 10 maiores fatores de risco para a nossa saúde

No dia 31 de maio comemoramos o Dia Mundial sem Tabaco. E temos muito o que comemorar! A proporção de fumantes no Brasil diminui ano após ano, e o número de ex-fumantes já é maior do que o número de fumantes. Mesmo assim, o tabagismo ainda é o 5º fator de risco que mais prejudica a saúde do brasileiro. E quais os quatro fatores de risco mais importantes do que o tabagismo?

A lista dos os 10 maiores fatores de risco para a nossa saúde, que eu divulguei cinco anos atrás, foi atualizada em dezembro de 2012. Esse novo estudo de Carga Global de Doença foi um trabalho colossal, reunindo toda a informação disponível sobre 67 fatores de risco modificáveis e 291 doenças e outros agravos (por exemplo, agressões e acidentes), em todos os países do mundo.

Não apenas a nossa situação de saúde mudou muito, mas também os pesquisadores conseguiram acesso a mais dados, e a melhores técnicas de análise.

Este artigo substitui outro, publicado na terça-feira, 2 de junho de 2015.

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Efeito da glicosamina sobre o diabetes mellitus tipo 2

A glicosamina é um medicamento muito usado no tratamento da osteoartrose de joelhos, ainda que sua eficácia seja controversa. Repare que a osteoartrose atinge principalmente as pessoas idosas e/ou obesas, justamente aquelas com maior risco de desenvolver diabetes mellitus tipo 2. Para piorar a situação, estudos com animais e depois com humanos mostraram que a glicosamina aumenta a resistência à insulina, que é justamente o mecanismo de base do diabetes mellitus tipo 2!

Molécula de glicosamina

A revista científica Diabetes: metabolism research and reviews publicou em janeiro deste ano uma revisão de literatura envolvendo todo tipo de estudo sobre a relação entre a glicosamina e o diabetes — desde estudos in vitro (em tubos de ensaio, por assim dizer) até estudos clínicos de grande porte com humanos. Em resumo, a glicosamina interfere, sim, no metabolismo da glicose, mas apenas em doses muito superiores àquelas usadas para o tratamento da osteoartrose.

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Ter uma saúde perfeita não é normal

Quase 2 mil norte-americanos de meia-idade responderam a um questionário sobre o quão saudável era seu estilo de vida. O resultado é ainda pior do que se esperava: apenas um, dos 1933 entrevistados, apresentava os 7 componentes de uma vida saudável do ponto de vista cardiovascular (cardíaco e circulatório). Em média, os brancos tinham 2,6 componentes do estilo de vida saudável, enquanto os negros estavam ainda pior, com uma média de apenas 2,0 componentes.

Radiografia de tórax, com o espaço dos pulmões em vermelho.

A pesquisa é melhor entendida no contexto do projeto da American Heart Association: Até 2020, melhorar a saúde cardiovascular de todos os [norte-]americanos em 20%, reduzindo em 20% as mortes cardiovasculares e por derrame. Para fins desse projeto, a saúde cardiovascular (do coração e da circulação) é medida através do cumprimento dos 7 critérios a seguir:

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As 10 principais doenças dos idosos no Brasil

De acordo com o IBGE, 3 em cada 4 idosos têm alguma doença crônica, ou seja, uma doença de curso arrastado, boa parte delas incurável. As doenças infecciosas e os acidentes continuam a ser importantes, mas a maior parte da carga de doença da terceira idade no Brasil é por causa das doenças crônicas não transmissíveis, como o diabetes mellitus e as consequências da hipertensão arterial.

Fotografia de mulher idosa nordestina

Essas são as 10 doenças que mais prejudicam a saúde dos idosos brasileiros:

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As 10 principais doenças da mulher brasileira (corrigido)

Atualização (2015): “As 10 piores doenças no Brasil.”

Depois de ter listado as 10 principais doenças do homem brasileiro, eu não poderia deixar de contemplar também as mulheres com um artigo semelhante. Até porque as mulheres procuram os serviços de saúde com mais frequência, além de estarem em contato mais direto com os agentes comunitários de saúde.

Os números entre parênteses são a proporção da carga de doença da mulher brasileira atribuída a cada doença.

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Por que os homens morrem mais cedo?

Hoje se completa um ano desde que o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional da Saúde do Homem. (Leia a nota publicada em 2009.) Todo o mundo o mundo viu na televisão o que os médicos já sabiam havia muito tempo: o homem morre mais cedo que a mulher. Quando a política foi lançada, a expectativa de vida ao nascer dos homens era estimada em 7,6 anos a menos que a das mulheres.

O engraçado é que os homens morrem mais cedo, mas adoecem menos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um homem brasileiro que nascesse em 2002 teria uma uma expectativa de passar 13,0% de sua vida, ou seja, 8,5 anos com algum grau de incapacidade (que é uma forma de medir a gravidade das doenças). Já uma mulher que nascesse naquele mesmo ano teria uma expectativa de passar 9,8 anos com incapacidade, ou seja 13,6% de sua expectativa total de vida.

A maioria dos consultórios médicos recebe mulheres com muito mais frequência do que homens. Além de adoecer mais, as mulheres vão ao médico com mais facilidade que os homens, seja por motivos culturais, seja por motivos trabalhistas. Quando o agente comunitário de saúde visita uma família, é quase sempre a mulher que o atende, mesmo que o homem esteja em casa.

Pensando em ajudar todos a olhar um pouco mais para a saúde do homem, trago aqui uma análise dos 10 principais fatores de risco para a saúde do homem brasileiro. Para dar uma dimensão da importância de cada fator de risco, anotei entre parênteses a proporção da carga de doença da população masculina que é causada por aquele fator de risco.

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Como está sua alimentação?

Graças ao blog Nutrição Para Todos, fiquei sabendo que o Ministério da Saúde disponibilizou um teste online para as pessoas avaliarem a qualidade de sua própria alimentação. O teste é construído com base no conceito de pirâmide alimentar, que é de fácil compreensão pelas pessoas, além de ser o mais adotado pelos profissionais de saúde. Por exemplo, a pirâmide alimentar foi adotada em pelo menos um dos dois principais estudos da prevenção do diabetes mellitus. (Leia também: Como prevenir o diabetes mellitus.)

Mão segurando uma caneta

© Alex France (alguns direitos reservados)

O teste online é igual àquele incluído na versão de bolso do Guia Alimentar da População Brasileira, que divulguei poucos meses atrás. Como o teste só dá o resultado total, é bom ler depois o guia para saber qual parte da alimentação precisa ser melhorada, e como.

Como prevenir o diabetes mellitus

O aumento da taxa de glicose no sangue é um dos fatores de risco que mais causam mortes precoces e incapacidade no Brasil. Existem sintomas sugestivos de diabetes, mas o melhor é descobrir a doença logo no começo. A pessoa com risco aumentado de desenvolver diabetes pode e deve fazer exames, mas não é só isso. Também é possível prevenir o diabetes mellitus.

A prevenção do diabetes envolve medidas capazes de diminuir outros fatores de risco para doenças cardíacas. Estudos preliminares indicam inclusive que os pré-diabéticos que entram em programas de prevenção do diabetes têm menores taxas de complicações do aparelho circulatório.

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